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As duas casas adquiridas pela OASRN para as suas futuras instalações, construídas no final do século XIX no lado sul da Rua Álvares Cabral destacam-se pela simetria de implantação e pela organização do espaço exterior que as une num espaço único e singular.
'A futura Sede da Ordem dos Arquitectos comprou estas edificações situadas nos antigos lotes 50 a 52, arrematados em 1898, com a largura de 6m cada e com direito a 1 pena de água da Mina da Fonte. Estes terrenos foram arrematados pelo gerente da fábrica de Fiação do Jacinto, o negociante e proprietário António José Gomes Samagaio. Foi o requerente do projecto de construção destas duas casas em banda, geminadas pelo logradouro comum, em 1899, sendo o responsável da obra Manuel Alves Ferreira. Estes edifícios inserem-se no alçado sul da rua, com 3 acessos independentes e cada uma destas edificações é constituída por volume paralelipipédico a que se associava um outro mais pequeno, localizado no logradouro e destinado à cozinha. No 1º piso um espaço de sociabilidade situado na a fachada principal, um escritório ou sala separada por antecâmara e escadas do conjunto sala de Jantar/cozinha, espaços situados nas traseiras. No 2º piso os quartos e nas águas-furtadas as dependências dos empregados e as arrecadações. Os vários projectos e alterações introduzidas, em 1917, respeitaram globalmente os valores funcionais e a organização dos edifícios bem como a ocupação do lote. Este último projecto constituiu um momento de transformação das construções,mas mais marcante foi a alteração da organização do espaço exterior, preferindo a solução de logradouros voltados de costas, unindo-os 1 espaço único e simétrico, no centro do qual foi construída uma garagem.' Excerto de (Com)passos num espaço de nós- A Rua Álvares Cabral, de MARIA DO CARMO MARQUES PIRES, in Revista da Faculdade de Letras CIÊNCIAS E TÉCNICAS DO PATRIMÓNIO Porto, 2004, I Série vol. III, pp. 217-235 'As casas adquiridas são, na relação que estabelecem entre si e com o terreno do lote, um caso singular e único. Implantadas no lado sul da rua, as duas construções dispõem-se dentro e na frente do lote numa composição simétrica que permite a criação de um percurso central para o interior do logradouro, onde se implanta, junto ao limite sul do terreno, uma outra pequena construção originalmente destinada a garagem. A simetria que compõe a implantação não tem plena correspondência na configuração volumétrica e no desenho de alguns alçados e seus detalhes construtivos e iconográficos. No entanto, e apesar das diferenças, sobressai claramente uma ideia de conjunto tratado formalmente nas suas diversas componentes, constituindo-se como exemplo de integração e valorização da regra urbana sem prejuízo do desenvolvimento da proposta arquitectónica específica que moldou as duas construções e os seus espaços interiores. Também semelhante e traduzindo a mesma tipologia, o conjunto dos espaços interiores - com a sua disposição relativa e a utilização de elementos construtivos, iconográficos e decorativos comuns (tratamento a escaiola de alguns planos ligados a zonas de entrada e circulação, tratamento de tectos com estuques trabalhados com motivos decorativos, utilização de madeira em pavimentos) - constitui um dos dados de natureza arquitectónica e patrimonial que se podem considerar relevantes na história e compreensão das evoluções que se foram verificando nos espaços de habitação na cidade do Porto. A leitura e ponderação crítica do conjunto e seus diferentes planos e componentes será certamente fundamental na formulação de propostas que necessariamente deverão recuperar e integrar, no sempre delicado jogo de conservar, alterar e acrescentar, em todos se colocando a subtil afirmação de uma contemporaneidade que justifica um re-uso daqueles espaços.' Excerto do Programa do Concurso Público para a elaboração do projecto das novas instalações da sede da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos, 2004 |
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